domingo, 26 de junho de 2011

A ENTREVISTA: UMA ABORDAGEM TEÓRICA



As Pesquisas Sociolingüísticas abordam a linguagem falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, ou seja, em situações reais de uso. Mas, quando os diálogos são transcritos, colocados no papel, também podemos ter diferentes atitudes: transcrever literalmente a fala, com suas rupturas, suspensões, etc., ou “fazer uma limpeza”, eliminando as marcas da oralidade e transformando o texto oral em texto escrito. Sobre essas diferentes atitudes em relação à postura diante das modalidades falada e escrita, Marcos Bagno fala o seguinte na p. 55 do seu livro Preconceito Lingüístico: “A língua escrita, por seu lado, é totalmente artificial, exige treinamento, memorização, exercício, e obedece a regras fixas, de tendência conservadora, além de ser uma representação não exaustiva da língua falada”.

No entanto, na língua escrita, não há as marcas da oralidade e elementos não-verbais que comunicam tanto quanto as palavras, ou seja, a palavra escrita fica sem inflexão e não manifesta por completo as reais intenções do falante. Marcos Bagno deixa isso bastante claro na p. 55 do mesmo livro: “Por isso, os autores de textos teatrais indicam, entre parênteses, a emoção, sensação ou sentimento que o ator deve expressar numa dada fala. A importância da língua falada para o estudo científico está principalmente no fato de ser nessa língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que incessantemente vão transformando a língua”.

Porém, nos dias de hoje, a maior parte dos brasileiros sabe ler e escrever. Por isso, existe a tendência de a língua oral e a língua escrita se tornarem parecidas, pois, quanto mais as pessoas têm acesso à língua escrita, mais utilizam na fala as características da escrita.

A entrevista é, portanto, um intercâmbio verbal, geralmente entre duas pessoas, cara a cara, na qual um pergunta e outro responde, ou seja, a entrevista organiza-se em turnos. O objetivo é, em tese, obter informações sobre uma pessoa ou um fato em especial.

Transcrever uma entrevista é registrar por escrito uma conversa mais ou menos espontânea da oralidade. Uma entrevista deve aparecer representada no papel do modo mais parecido possível com a conversa que o originou. Assim os gestos, a entonação, as pausas, os silêncios, podem ser assinalados de alguma forma. É importante levá-los em conta porque são tão significativos quanto às palavras.

Mesmo que seja semelhante a uma conversa particular, a entrevista é elaborada para que circule em um espaço público. Além dos interlocutores que participam da entrevista (entrevistador e entrevistado), a equipe jornalística e especialmente os espectadores ou leitores são também receptores dessa conversa.

É importante ressaltar também que a relação entre os participantes não é de igual para igual: a voz do entrevistado (ou o que ele diz) é mais importante que a do entrevistador. O entrevistado á a personalidade – muitas vezes conhecida pelo público – que foi convidada para falar de si, dar uma opinião, contar uma experiência. É preciso considerar também que o entrevistado sabe que deverá submeter-se a um questionário imposto pelo entrevistador. Às vezes, pode ocorrer algum caso em que a figura do entrevistador é tão importante quanto à figura do entrevistado.

A estrutura de uma entrevista transcrita possui um formato fixo: o par pergunta – resposta organiza o texto. A entrevista é realizada oralmente e cada vez que um falante toma a palavra, inicia-se um turno; sem essa alternância, há monólogo e não diálogo.

A interação conversacional busca sempre um acordo. Esse acordo é feito por negociação. Para isso utilizam-se expressões como: concordo com você, mas gostaria que você me respondesse... se bem que... não me diga isso... ainda que...

Numa conversação estão presentes elementos que pertencem ao campo da linguagem verbal (o vocábulo, a sintaxe, o nível de linguagem) e ao campo da linguagem não-verbal (os gestos, a aparência, a direção do olhar, os trejeitos faciais). Papel fundamental desempenha também os elementos paraverbais (ou paralingüísticos): a entonação, pausas, suspiros, acentos, etc. Quando representados na escrita, os elementos paraverbais são marcados graficamente: o emprego de aspas para indicar uma entonação de ironia; o negrito, o sublinhado ou as maiúsculas são usados para indicar palavra ou sílaba dita com mais ênfase (acento forte).

O entrevistador tem, por regra geral, o controle do desenvolvimento da conversa: é ele que a propõe, inicia, faz as perguntas, orienta o tema ou os temas, e encerra a entrevista quando considera conveniente. Esse pré-acordo, porém, não evita que as entrevistas, muitas vezes, tornem-se verdadeiras “batalhas de palavras”, nas quais entram em jogo as relações de poder. Geralmente, ganha a “batalha” quem conta com os seguintes pontos a seu favor: possui mais idade, está numa posição social privilegiada, conta com o respeito e a admiração de uma maioria por se destacar em alguma atividade, possui conhecimentos e habilidade de expressão, ou, durante a entrevista, fala mais tempo e maneja melhor o sistema de turnos, impõe os temas da conversa.

As relações de poder, em uma entrevista, podem gerar conflitos: se o entrevistador tem muita experiência, o entrevistado pode ficar em uma posição de desvantagem. Por isso, em geral, pode-se dizer que quem conta com mais fatores a seu favor acaba se impondo em seu papel de entrevistador ou entrevistado.

Além das entrevistas que todos os jornais e revistas transcrevem e das que se escutam pela rádio, a TV também usa e abusa da entrevista. Na maioria das vezes, vemos o entrevistado na TV em uma situação de diálogo com um entrevistador: programas culturais, políticos, de investigação policial, de entretenimento. Algumas entrevistas se realizam em programas especialmente preparados para isso. Nesses programas, há um acordo implícito entre os participantes: as perguntas são formuladas com cortesia, mas mantendo-se a distância própria dessa relação. Em uma entrevista, o entrevistador não só deve levar perguntas feitas, como também deve saber improvisar a partir do que vai expressando o entrevistado. Dessa forma, favorece-se a comunicação.




REFERÊNCIAS:

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 47ª edição. São Paulo: Loyola, 1999.


Por Max Moreira

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ANÁLISE CRÍTICA: POESIA SATÍRICA DE BOCAGE


Levando um velho avarento

Uma pedrada num olho,

Pôs-se-lhe no mesmo instante

Tamanho como um repolho.


Certo doutor, não das dúzias,

Mas sim médico perfeito,

Dez moedas lhe pedia

Para o livrar do defeito.


“Dez moedas! (diz o avaro)

Meu sangue não desperdiço:

Dez moedas por um olho!

O outro dou eu por isso.”


ANÁLISE CRÍTICA

Este poema critica diretamente a moralidade das pessoas e da sociedade, mostrando o quanto as pessoas são “avarentas, mesquinhas e sovinas”.

Na primeira estrofe: “um velho avarento” quer dizer “um velho mesquinho”. Nesta estrofe, nos é apresentado o velho sovino sofrendo uma eventual desgraça.

Na segunda estrofe: no quinto verso, diz que um “certo doutor” oferece seus serviços. Ele é diferente dos demais e destaca-se por realizar um trabalho de qualidade, no entanto, “tudo o que é bom, custa caro!”. Nos versos seguintes, mostra que o médico perfeito cobra uma quantia em dinheiro muito grande pelos seus serviços, garantindo bons resultados em troca.

Na última estrofe: através da fala do velho, percebemos o quanto o velho é uma pessoa sem valor, onde a sua avareza é tão forte que chega a ser desprezível. Ele também prefere correr riscos a gastar dinheiro para garantir uma vida mais humana. Nos versos onze e doze, fica claro que o velho é do tipo de pessoa que seria capaz de fazer qualquer coisa simplesmente para ganhar mais dinheiro. Isso valeria também para a coletividade, e não só para a individualidade. Esse velho jamais ajudaria ao próximo por apego demasiado e sórdido ao dinheiro, e como percebemos, ele não ajuda nem a si mesmo. Ora, para acumular riquezas não se pode gastar, e esse pensamento sempre esteve e sempre estará arraigado na mentalidade de uma sociedade extremamente egoísta e influenciada unicamente pelo dinheiro.

Por Max Moreira

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