sexta-feira, 2 de março de 2012

[CONTO] A GAROTA DE AMARELO


     Durante muito tempo, minha namorada perguntava por que eu sempre lhe mandava cartões em envelopes amarelos. Não que a cor amarela fosse a minha preferida, tão pouco a dela. Mas esta cor passou a ter um significado simbólico no nosso namoro. Até então, ela não sabia da história que existia por trás daqueles envelopes amarelos que tanto a intrigava. Quando contei, ela ficou chocada, sem acreditar.
Tudo começou em uma noite de maio de 200... durante uma festa em uma cidade vizinha. Eu fui com um amigo e ao chegar lá, decidimos ficar tomando uma cerveja esperando a festa começar. Nesse meio tempo, um conhecido nosso veio nos cumprimentar e, como ele estava sozinho, nos chamou para beber uísque na mesa dele. Foi o que fizemos. Instantes depois, três garotas passaram perto da gente. Uma delas, uma morena, chamou muito minha atenção, a ponto de querer conhecê-la. Perguntei ao nosso colega se ele a conhecia, e como obtive uma resposta positiva, pedi-o para apresentar-me a ela. Ele recusou-se, o que me deixou frustrado. Nosso colega de uísque não justificou de forma convincente a sua negativa (mais tarde o Destino trataria de revelar o porquê). Confesso que a forma como nosso colega de uísque desqualificou a garota me deixou intrigado. Ele não podia ou não queria me apresentar a ela? No entanto, apesar desse acontecimento, deixamos o assunto de lado, e fomos para a festa que tinha começado naquele instante. Pouco tempo depois, nosso colega de uísque desaparecera.
Em um dado momento da festa, fui surpreendido por uma moça, que me disse o seguinte:
– Minha amiga, aquela garota de amarelo, quer conversar com você. Parece que ela gostou de você! – disse a moça apontando para sua amiga que estava dançando alguns metros a nossa frente.
Naquele instante, eu não prestei atenção, e disse-lhe que conversaria com sua amiga depois. A verdade é que eu não tinha avistado-a, mas, mesmo assim, fiz de conta que sabia quem era. Eu ainda tentei procurar a tal garota de amarelo, mas não avistei ninguém, e, praticamente, esqueci-a.
– Ora, nessa festa, eu não vi ninguém de amarelo. Talvez ela tenha ido embora... Sei lá! – foi o que eu disse a mim mesmo depois.
A festa não estava legal, e eu já estava pensando em ir embora, quando meu amigo me passou uma informação que me deixou bastante interessado. Ele tinha avistado aquela morena que o nosso colega de uísque se recusara a me apresentar. Meu amigo, então, me disse o seguinte:
– Por que você não se apresenta a ela agora. Aproveita esta chance. Não custa nada tentar e se não der certo, não deu certo e pronto. “Vá lá!”.
Segui os conselhos de meu amigo. Eu estava bastante confiante, mas minhas expectativas foram frustradas quando avistei a morena abraçada com um sujeito. Descobri que era o namorado dela. Logo depois, eu procurei meu amigo para irmos embora, mas não o encontrei. Saí da festa para procurá-lo, sem sucesso. Decidi então entrar na festa novamente. Foi quando avistei uma garota de blusa amarela, e no mesmo instante, me lembrei do que a moça do começo da festa me disse. Foi a garota mais linda que já vi. Ela estava acompanhada de outra garota, possivelmente sua amiga. Abordei-a imediatamente, e perguntei instintivamente:
– Era você que queria conversar comigo?
– Queem, eeu? – ela retrucou surpresa e assustada.
– Sim, você.
– Não, por quê? – ela respondeu ainda assustada.
Definitivamente, não era a garota de amarelo que queria conversar comigo no começo da festa. Apenas a sua blusa era amarela. Na tentativa de sair daquela situação constrangedora, continuei a conversar naturalmente com as meninas e, pouco tempo depois, meu amigo apareceu e apresentou-se para as garotas. Como gostei muito da garota da blusa amarela, fiquei conversando com ela, enquanto meu amigo ficou a conversar com a amiga dela. Quando meu amigo percebeu, eu e a garota da blusa amarela já tínhamos saído da festa. Daí para frente, percebi o quanto somos vítimas da teoria da relatividade de Einstein. A noite passou rapidamente, mas cada momento ficou gravado na minha mente, assim como uma escultura esculpida em pedra mármore. Ao fim da noite, eu e meu amigo conversávamos enquanto voltávamos para casa. Ele contou-me que descobriu algo realmente inesperado: a garota da blusa amarela que estava comigo era ex-namorada do nosso colega de uísque e irmã da primeira morena na qual fiquei interessado. Tudo fez sentido. Jamais imaginei algo assim. Meu amigo disse então:
– Você tomou o uísque e a namorada dele também.
Ao dizer isso, rimos muito de toda aquela situação. O fato é que eu e a garota da blusa amarela estamos juntos até hoje.
– Isso só prova que um pequeno detalhe faz a diferença. – ela disse.
Curiosamente, ainda hoje não sei quem é a tal garota de amarelo do começo da história.
Por Max Moreira
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