Jeca Tatu traduzia a percepção das elites sobre o povo brasileiro. Assim, criou-se a imagem do caboclo preguiçoso; nome: JECA TATU, símbolo do nosso caboclo, o pobre preguiçoso responsável por todos os males do país, articulando, assim, o retrato do fraco, ignorante e preguiçoso da sociedade, tornando-se ícone do atraso econômico e político.
Lobato reproduz o pensamento vigente da elite da época, considerando o caboclo o responsável pelo atraso econômico e técnico do país, que impedia o proprietário de seguir adiante, já que o caipira era molenga, fraco e ocioso, continuando inerte e de cócoras, impedindo o progresso.
O próprio nome do conto é metafórico, uma vez que URUPÊ é uma espécie de fungo, parasita, assim como o próprio caboclo, parasita da terra; parasitas que vegetam nos ocos das árvores e que acabam por matá-las; o nome “Jeca” virou sinônimo de bobo, ingênuo. Daí o termo metonímico “Piolho-de-Terra”.
Lobato, através desse ensaio descritivo, moldou a “consciência nacional”, referindo-se a identidade do povo de forma negativa, na qual o povo passa a se olhar e a reconhecer sua imagem. Portanto, havia a necessidade de superar a preguiça, a passividade e a submissão aos coronéis.
Mas se a modinha era em Policarpo Quaresma algo estritamente nacional, em Urupês, a modinha vem a ser outra imitação européia.
Em suma, o Brasil é mostrado decadente, representado pelo caboclo, um ícone da nação. A crítica não é somente ao Jeca Tatu, mas a todo o Brasil. O Jeca Tatu é uma caricatura do caboclo para representar todo o Brasil.
Por Max Moreira