Ultimamente, fala-se muito de bullying.
De vez em quando, vejo nos Jornais televisivos alguma notícia relacionada aos
atos de bullying. As cenas sempre são chocantes e repugnantes. Lembro-me de um
vídeo que mostrava um grupo de jovens espancando brutalmente uma colega de escola
simplesmente porque a menina se recusara a fumar um cigarro de maconha oferecido
por um deles. Foi uma cena lamentável! Muitos se perguntam: como é possível
alguém praticar atos de agressões físicas de forma tão irracional? Sem falar
das violências verbais que são tão comuns nesses casos. E quando se fala de bullying,
muitos acabam associando esses atos de violência gratuita apenas ao ambiente
escolar, onde costuma acontecer os ataques dos chamados “bullies”. Enganam-se!
O assédio pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam,
tais como escolas, universidades, entre vizinhos, em locais de trabalho, e até
mesmo nas famílias.
Isso mesmo Caro Leitor! Nas famílias! O
bullying na família é uma realidade cada vez mais preocupante, e que, muitas
vezes, passa despercebido por muitos. Os ataques de bullying podem acontecer
das mais variadas formas, como por exemplo, quando um dos membros da família
perde o emprego, e o restante dela passa a humilhá-lo. A violência verbal
costuma ser mais comum no ambiente familiar, embora as agressões físicas não
fiquem atrás nesse triste cenário. Posso citar como exemplo um caso que escutei
certa vez: um irmão, mais velho, batia no irmão menor para que este o respeitasse.
Existe outra questão que faz toda a
diferença no desenvolvimento dos filhos, e que, em muitos casos, está
completamente ausente: é o apoio familiar. Muitas vezes, os pais não aceitam o
fato de o filho escolher um caminho que eles não aprovam. Posso citar o
seguinte exemplo: o filho larga o curso de Medicina por falta de afinidade,
pois ele quer estudar Ciências da Computação; O filho passa a ser criticado
pelos pais que não aceitam a decisão do filho. Este, por sua vez, fica deprimido,
pois não tem apoio familiar; Os pais querem que seu filho siga o caminho que
Eles determinaram; O filho, pressionado, continua no curso de Medicina,
adquirindo grandes chances de tornar-se uma pessoa infeliz. Casos assim
costumam acontecer com muitas famílias, e poucas pessoas, ao buscarem seus
próprios caminhos, conseguem enfrentar aquilo que é, muitas vezes, imposto
pelos pais.
O ambiente familiar é apenas a porta de
entrada para o convívio em sociedade. E claro, todo esse cenário acaba
refletindo direta ou indiretamente na vida do indivíduo, tanto na vida escolar,
quanto na vida profissional. E por falar em vida escolar, não podemos nos esquecer
de que é no ambiente escolar que ocorre grande parte dos casos de bullying, embora
não seja o único lugar em que isso ocorra. E o bullying não é praticado apenas
por alunos, como muitos imaginam, mas por funcionários também, sejam eles
professores ou não. Já escutei a respeito de um diretor que, em vez de convocar
o aluno ou funcionário à diretoria para tratar de qualquer assunto que os
envolva, simplesmente repreende qualquer um na frente de todos da forma mais
humilhante possível, talvez na tentativa de impor sua autoridade, o que acaba
sendo uma forma de intimidação. Muitos daqueles que sofrem o ato de bullying ficam
calados, intimidados, com medo. Não fazem nada!
Em alguns casos, a falta de informação é
um fator que impede que a pessoa vítima de bullying se defenda. Poucos sabem,
por exemplo, que a responsabilidade pela prática de atos de assédio escolar
pode se enquadrar no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as
escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de assédio
escolar que ocorram nesse contexto.
O
bullying não pode mais ser encarado como um simples problema. Na verdade, o
bullying é um problema mundial de natureza gravíssima, e que deve ser tratado
como tal. É lamentável, mas essa é uma realidade cada vez mais alarmante em toda
a sociedade, nas suas mais variadas esferas. As autoridades mundiais precisam
ficar mais alertas quanto a isso e encontrar soluções plausíveis para esse
problema tão preocupante, tratado por muitos como algo invisível. Mas as
famílias também precisam encarar suas falhas, aprender a trocar a ameaça por
gestos de apoio. Não podemos nos esquecer, pois, de que a família é à base da
sociedade.
Por Max Moreira