Em
seu livro, Adeus ao Trabalho?: Ensaio Sobre as Metamorfoses e a Centralidade do
Mundo do Trabalho, Ricardo Antunes apresenta um debate riquíssimo sobre a importância
do trabalho, mostrando alguns elementos que evidenciam os problemas vivenciados
pelo mundo do trabalho, na tentativa de encontrar uma saída para a chamada
crise da “sociedade do trabalho”.
O
livro Adeus ao Trabalho?: Ensaio Sobre as Metamorfoses e a Centralidade do
Mundo do Trabalho, está dividido em quatro partes, assim denominado: (1)
Fordismo, Toyotismo e Acumulação Flexível; (2) As Metamorfoses no Mundo do
Trabalho; (3) Dimensões da Crise Contemporânea do Sindicalismo: Impasses e
Desafios; (4) Qual Crise da Sociedade do Trabalho. O objetivo principal é
oferecer algumas indicações relacionadas às questões que dizem respeito às
transformações em curso no mundo do trabalho.
A
Primeira Parte – “Fordismo, Toyotismo e Acumulação Flexível” – trata das transformações
vivenciadas pelo mundo do trabalho, e, a necessidade do capitalismo de
adequar-se as mudanças ocorridas no mercado produtivo. RICARDO aponta as
consequências acarretadas pelos “processos de trabalho”, dando ênfase ao
Fordismo e ao Toyotismo, que causaram grande impacto na organização capitalista
da sociedade, além de colocar em discussão as experiências da chamada
Acumulação Flexível, cuja tese é oferecida por Harvey, e analisa o significado
e os contornos das transformações sofridas pelo capitalismo. Essas
transformações afetam diretamente o universo operário, na medida em que o
desemprego torna-se resultado da crise do capitalismo.
A
Segunda Parte – “As Metamorfoses no Mundo do Trabalho” – mostra como a
organização capitalista da sociedade adquire novas estruturas diante uma serie
de tendências processuais no mundo do trabalho. RICARDO enfatiza a “sociedade
de serviços”, cujo crescimento relativamente absoluto, caracterizou o
desenvolvimento das sociedades ocidentais altamente industrializadas. A partir
de reflexões marxistas, o autor deixa claro que enquanto existir o modo de
produção capitalista, não pode haver a eliminação do trabalho. O autor também
salienta a incorporação do trabalho feminino no mundo produtivo, além da
expressiva expansão e ampliação da classe trabalhadora, através do
assalariamento do setor de serviços.
A
Terceira Parte – “Dimensões da Crise Contemporânea do Sindicalismo: Impasses e
Desafios” – diz respeito à crise contemporânea dos sindicatos, onde a relação
entre o número de sindicalizados e a população assalariada, tem decrescido,
aumentando o abismo social no interior da própria classe trabalhadora.
Consequentemente, essas transformações no âmbito sindical, afetaram também as
ações e práticas de greves, atingindo fortemente o movimento sindical. Em vista
disso, destaca-se maior expressão dos movimentos sindicais alternativos, que
questionam as ações eminentemente “defensivas”, praticadas pelo sindicalismo
tradicional, que se limita à ação dentro da Ordem.
A
Quarta Parte – “Qual Crise da Sociedade do Trabalho?” – RICARDO aponta algumas
“teses”, de modo a oferecer conclusões relacionadas aos temas desenvolvidos ao
longo do livro. São oferecidas cinco teses a serem discutidas. Destacam-se as
reflexões teóricas acerca da questão atual da distinção marxiana entre
“trabalho abstrato” e “trabalho concreto”, entre outras.
Diante
do caráter mundializado e globalizado do capital, é necessário assimilar as
peculiaridades e características presentes nos confrontos entre as classes
sociais. O sindicalismo, enquanto organismo representativo dos trabalhadores,
deverá ser capaz de impedir o seu desaparecimento diante dos inúmeros desafios,
mas o caminho trilhado é, por certo, desgastante.
Este
livro é recomendado para os profissionais de administração, ciências contábeis
e economia, pois expõe os “processos produtivos de trabalho”, a fim de
percebermos como funciona a evolução do capitalismo, em busca de caminhos
constritivos para superar um problema de difícil solução: a crise trabalhista.
REFERÊNCIA:
ANTUNES,
Ricardo. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do
mundo do trabalho. 9ª edição. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da
Universidade Estadual de Campinas, 2003.
Resenhado por Elizeu de Andrade